Sob o céu da chapada: fotografando a Via Láctea e suas constelações

Entre os dias 23 e 25 de agosto de 2025, participei do ENOC — Encontro Observacional do Clube de Astronomia, realizado na mágica Chapada dos Veadeiros. Não fui como astrônomo, nem como especialista — fui como acompanhante de alguém que ilumina minha vida como poucas estrelas conseguem. E foi ao lado dela que vivi uma das experiências mais marcantes sob o céu brasileiro e a fotografar a Via Láctea e suas constelações.

Para mais informações: Página Principal – CAsB

Chegada e primeiros passos

Cheguei na sexta-feira, 23/08, no final da tarde. O céu já começava a se tingir de dourado, e a atmosfera do evento era de expectativa silenciosa. A noite foi dedicada à ambientação, aos primeiros olhares para o firmamento, à troca de histórias entre os participantes, além de testar as possibilidades de fotografar a via láctea e suas constelações.

No sábado, 24/08, pela manhã, explorei o ponto de observação onde os telescópios seriam montados. Caminhei pelo terreno, observei os ângulos, testei enquadramentos e me preparei para fotografar o que eu ainda não sabia nomear — mas já sabia admirar. Recebi dicas valiosas de uma astrofotógrafa presente no evento, que me ajudaram a ajustar a câmera e entender melhor como fotografar a Via Láctea em toda sua extensão.

Preparando o olhar para o infinito

Ao cair da noite, comecei a preparar meu equipamento com cuidado e intenção. Instalei um celofane vermelho sobre a tela da câmera, uma técnica simples mas essencial para preservar a visão noturna sem perder o controle da composição. Retirei o filtro ND da lente 18–55mm da Nikon, liberando toda a entrada de luz possível para captar os detalhes mais sutis do céu profundo.

Configurei a câmera com 15 segundos de exposição e abertura f/3.5, buscando ressaltar a textura luminosa da Via Láctea — suas faixas de poeira, seus aglomerados estelares e aquele brilho difuso que parece respirar no escuro. Fotografar a Via Láctea exige paciência, sensibilidade e uma certa entrega: é preciso deixar que o céu se revele aos poucos, respeitando sua escala e seu tempo.

Fixei tudo no tripé, alinhei o enquadramento e comecei a disparar. A cada clique, surgia uma nova camada de estrelas, e com elas, constelações que eu ainda não sabia identificar, mas que começavam a ganhar forma na composição.

Horizontalidade e verticalidade do cosmos

As primeiras imagens foram horizontais, pensadas para representar a extensão da Via Láctea — como um rio de estrelas que atravessa o céu de ponta a ponta. Cada clique revelava mais da estrutura galáctica, como se eu estivesse desenhando o mapa de um universo que não cabe em palavras.

Depois, experimentei fotos verticais, buscando uma composição mais artística. A ideia era simples: mostrar a amplitude do espaço e provocar uma reflexão sobre nossa pequenez diante da vastidão cósmica. A silhueta do horizonte, os telescópios iluminados por luz vermelha e a galáxia se erguendo sobre tudo criaram uma narrativa visual poderosa.

Fotografar constelações, mesmo sem conhecê-las profundamente, me fez perceber que há beleza em simplesmente observar. Algumas imagens revelaram padrões estelares. Mas naquele momento, o que importava era a sensação de estar diante de algo maior.

Fotografando a Via Láctea e suas constelações

Enquanto outros observadores identificavam constelações e trocavam coordenadas, eu me concentrava em compor imagens que falassem por si. Não era sobre saber tudo — era sobre estar presente. Tirei fotos que me orgulham, mas ainda estou aprendendo a representar as constelações com mais clareza e intenção.

A astrofotografia, nesse contexto, se tornou uma forma de escuta. Cada imagem capturada era uma tentativa de entender o silêncio do universo, de traduzir em luz aquilo que não pode ser dito

Conclusão: presença, apoio e perspectiva

Naquela noite, sob o céu da Chapada, percebi que fotografar estrelas é mais do que capturar luz — é tentar tocar o intangível, traduzir o silêncio do universo em imagens que falam por dentro. A técnica virá com o tempo. O olhar, já está em mim.

Mas o que realmente importa não está no sensor da câmera, e sim na presença. Estar ali foi, acima de tudo, uma forma de oferecer apoio à pessoa que ilumina minha vida — acompanhar suas conquistas, partilhar seus momentos, e celebrar juntos os pequenos prazeres que fazem a felicidade brilhar.

Diante da imensidão do cosmos, somos breves. Somos pequenos. Mas quando caminhamos ao lado de quem amamos, essa pequenez se transforma em grandeza. Porque mesmo sob um céu que nos lembra o quanto somos minúsculos, há beleza em simplesmente estar — e partilhar.

ISempre fotografei cavernas (Na Gruta dos Caramujos – Jornada nas Fotos e Caverna “A Primeira Delas”, e muitas ainda estão por vir.) Foi a primeira vez que olhei com mais cuidados para as estrelas.

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